24 de dezembro de 2010

Personagem: Armando Salles de Oliveira

Faço esta homenagem na data de seu nascimento; pois nasceu à 24 de dezembro de 1887. Após formar-se em engenharia civil pela Escola Politécnica, iniciou a carreira como engenheiro e empresário. Casou-se então com Raquel de Mesquita, filha de Júlio de Mesquita, dono do jornal O Estado de São Paulo, de quem se tornaria amigo e sócio em diversos empreendimentos. Com a morte do sogro em 1927, assumiu a presidência da sociedade anônima proprietária do jornal.

Filiado ao Partido Democrático (PD) de São Paulo, participou das articulações que levaram à criação, em princípios de 1932, da Frente Única Paulista (FUP) e, em julho daquele ano, à deflagração do Revolução Constitucionalista, contra o governo de Getúlio Vargas. Com a derrota do movimento, assumiu por um ano a direção d'O Estado de São Paulo, em virtude do exílio do diretor, seu cunhado Júlio de Mesquita Filho. No início de 1933, foi um dos articuladores da Chapa Única por São Paulo Unido, que disputou em maio as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e elegeu a maior parte dos representantes paulistas.

Em agosto de 1933, por suas boas relações com as forças políticas do estado, que desejavam um interventor civil e paulista, foi nomeado por Vargas para o cargo. Teve de enfrentar a princípio forte oposição movida por setores militares, especialmente pelo general Daltro Filho, comandante da 2ª Região Militar. Superado esse obstáculo, dedicou-se à reconstrução do aparelho administrativo, completamente desarticulado pelas represálias e perseguições que se seguiram à Revolução Constitucionalista. Durante sua gestão foi criada a Universidade de São Paulo (USP), projetada para ser um centro de excelência acadêmica, e para a qual se recorreu à contratação de professores europeus e estadunidenses.

No plano político, promoveu o reordenamento do quadro partidário estadual com a criação do Partido Constitucionalista, que absorveu o PD (oficialmente extinto em fevereiro de 1934) e uma dissidência do tradicional Partido Republicano Paulista (PRP). Ao mesmo tempo, buscou aproximar-se do governo federal, o que levou Vargas a incluir em seu ministério dois nomes indicados pelo Partido Constitucionalista: Vicente Rao, na pasta da Justiça e Negócios Interiores, e José Carlos de Macedo Soares, na de Relações Exteriores. Em outubro de 1934, comandou a vitória de seu partido nas eleições para a Constituinte estadual, cujos membros o elegeram governador constitucional em abril do ano seguinte.


No final de 1936, comunicou a Vargas sua intenção de candidatar-se às eleições presidenciais previstas para janeiro de 1938. Apesar de ter sido desestimulado pelo presidente, desincompatibilizou-se do governo paulista e lançou sua candidatura em fevereiro de 1937, recebendo o apoio do governador gaúcho Flores da Cunha, então em aberto confronto com Vargas, e também de grupos oposicionistas de outros estados. Para dar sustentação à sua candidatura foi formada a União Democrática Brasileira (UDB), cuja presidência lhe coube. Lançaram-se também na disputa o paraibano José Américo de Almeida, apoiado pela maioria dos governadores e por membros do governo federal, e Plínio Salgado, lançado pela Ação Integralista Brasileira (AIB). Vargas, contudo, tinha projetos continuístas e, apoiado pelos generais Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, e Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército, em novembro de 1937 fechou o Congresso Nacional e cancelou as eleições, instituindo a ditadura do Estado Novo.

Armando Sales passou, então, cerca de um ano em prisão domiciliar. Em novembro de 1938 exilou-se na França e aí viveu até abril do ano seguinte, quando se transferiu para os Estados Unidos. No exílio, divulgou seguidos manifestos contra a ditadura. Em 1943 fixou-se na Argentina, de onde retomou contatos políticos com seus aliados no Brasil. Ao ser anistiado e voltar ao país, em abril de 1945, encontrava-se já gravemente doente. Ainda assim chegou a participar da fundação e a ser membro da comissão diretora da União Democrática Nacional (UDN), partido que reunia adversários do Estado Novo.

Morreu em São Paulo, em 17 de maio de 1945.





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