31 de janeiro de 2007

Personagem: Américo Brasiliense

Américo Brasiliense de Almeida Melo nasceu no Rio de Janeiro em 08/08/1833, e em 1855 formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo. Foi deputado provincial de 1858 a 1867, exercendo também o cargo de Presidente da Paraíba e do Rio de Janeiro. Com Luiz Gama e Américo de Campos fundou a Loja Maçônica América, passando a fazer propaganda abolicionista e republicana, e com Saldanha Marinho, Aristides Lobo e outros, participou da elaboração do Manifesto Republicano de 1870.

Residiu em Campinas de 1870 a 1874, participando ativamente do processo de criação do Culto à Ciência, bem como de muitas outras atividades importantes para a propaganda republicana. Foi também Ministro Plenipotenciário de Estado junto ao governo de Portugal e presidente de São Paulo por poucos mêses, em 1891.

É nome de rua em Campinas.

30 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: 1946 - Cine Colyseu

Esta foto de 1946, mostra o portal de entrada principal do Cine Colyseu que existiu na rua César Bierrembach. Esta casa de espetáculo começou com apresentações de touradas e acabou por exibir filmes mudos e sonoros. Vê-se ainda ao fundo na foto as palmeiras imperiais da Praça Carlos Gomes. Esta já não existe mais...é só passado na memória fotográfica.

28 de janeiro de 2007

Notícias de...: 1834

Em 9/12/1834, o Largo Santa Cruz, foi palco de um triste espetáculo de enforcamento, justiçando-se à pena última o réu Elesbão, acusado de crime de morte, acusado de assassinar seu senhor. Foi enforcado, e o corpo esquartejado e exposto ao público. Foi lúgubre o acontecimento, agitando os moradores da pacata Villa de Sao Carlos.

Largo Santa Cruz (um dos tres campinhos que deu origem a cidade); ponto de partida para os sertões de Alto Goiás e Mato Grosso. Parada obrigatória, com lojas de ferragens, armazéns de gêneros de terra e de bebidas, olarias e depósitos para venda no varejo e atacado. O Largo Santa Cruz tem hoje o nome de Praça 15 de Novembro e fica no bairro Cambuí.

27 de janeiro de 2007

Curiosidades: História da Água em Campinas

Inspirado no livro "Campinas do Matto Grosso - Da febre amarela à cólera dos rios", de José Pedro Martins, editado em 1997, tem-se o que se segue.

Campinas foi formada a partir de núcleos urbanos que se desenvolveram às margens de rios. No caso de Campinas, os três "campinhos" que deram origem à cidade também floresceram às margens de rios ou córregos.

Aquele "campinho" que foi provavelmente o primeiro núcleo de povoação, localizado onde atualmente termina a av. Moraes Salles, no cruzamento com a Via Norte-Sul (hoje Av. José de Souza Campos), era banhado originalmente pelo Córrego Lavapés, atual Córrego Proença. Era o "campinho" mais próximo do Caminho de Goiás, a rota dos bandeirantes rumo ao Eldorado brasileiro.

Já o "campinho" que originou o Largo do Carmo, onde a cidade nasceu "oficialmente", era por sua vez banhado pelo Córrego Tanquinho, que nascia nas proximidades do atual Largo do Pará, acompanhava o sentido da Rua de Cima (atual Barão de Jaguara) e descia, em direção à atual av. Anchieta, até encontrar-se com o Córrego do Barbosa, depois do Serafim e hoje da Orosimbo Maia. O Córrego Tanquinho também passava próximo do terceiro "campinho", no Largo da Santa Cruz (hoje Praça 15 de Novembro), usado para enforcamentos de escravos no final do século XIX.

A foto da década de 1920, mostra o córrego do Serafim, hoje córrego da Orosimbo Maia

Todos os três cursos d'água, fundamentais para alicerçar o crescimento da cidade, foram vítimas do chamado progresso a qualquer preço. O desaparecimento de dois deles, o Córrego Lavapés (hoje Proença) e o Tanquinho, debaixo do asfalto de grandes avenidas, é um dos símbolos máximos de como a natureza foi deixada em segundo plano no processo de "desenvolvimento" de Campinas.

E as agressões aos rios têm a própria idade do espaço urbano. O Córrego Tanquinho, principalmente, o primeiro que conviveu diretamente com o núcleo urbano formado a partir das ruas de Cima, do Meio e de Baixo, desde cedo passou a receber esgotos, lançados naturalmente sem tratamento. O Córrego sofria, igualmente, os impactos dos resíduos depositados a céu aberto em dois dos três lixões que existiam em Campinas até o início do século XX, no atual Largo do Pará e na Praça Carlos Gomes. (O terceiro lixão ficava onde hoje funciona o Mercadão.)

Atual Córrego da Orosimbo Maia, em função da avenida do mesmo nome, o Córrego do Barbosa foi por muito tempo o limite do centro urbano de Campinas. Com o avanço da cidade em direção ao Norte e ao Oeste, o Córrego passou a receber os esgotos urbanos, e no final do século XIX passou a ser conhecido como Canal de Saneamento - em decorrência da febre amarela, foi o local escolhido para a instalação do primeiro filtro de esgotos da cidade, patrocinada pelo governo estadual de Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra, o Barão de Jaguara.

Nenhum dos três córregos, em razão da degradação precoce, vai acabar fornecendo água para o abastecimento de Campinas, à exceção de um projeto muito limitado, de captação no Córrego Tanquinho, proposto em 1873 pelo vereador Raphael Sampaio e inaugurado dois anos depois, atendendo a moradores no quadrilátero entre as avenidas Francisco Glicério, Regente Feijó, Aquidabã e Uruguaiana. Até meados do século XIX a população se servia, de modo geral, nas bicas, que deram origem ao ofício do "aguateiro". Era o profissional que recolhia a água das bicas e vendia para a população.

Em 1855, como medida preventiva à propagação da epidemia de cólera que atacava vários pontos do território brasileiro, a Câmara Municipal de Campinas divulgou uma série de medidas sanitárias, várias delas relacionada ao cuidado com a água.

Dois anos depois, a mesma Câmara solicita, através de seu presidente, Luiz Henrique Pupo de Moraes, à Assembléia Legislativa Provincial, recursos para financiar a instalação de um chafariz. A 12 de agosto de 1858, a Tesouraria Provincial expede um ofício, comunicando a liberação para Campinas de "oito contos de réis, sendo seis contos para serem aplicados na construção de um chafariz", o que apenas ocorreria em 1873.

Na realidade, seriam construídos três chafarizes de ferro, colocados no Largo do Pará, Largo do Teatro (hoje Praça Rui Barbosa) e Largo do Rosário. Eles começaram a funcionar a 11 de dezembro de 1874.

Acima foto de 1904 mostra o chafariz de ferro no Largo do Rosário


ABASTECIMENTO E EPIDEMIA

Depois da inauguração dos chafarizes, somente em 1885 aparece o primeiro Projeto de Abastecimento de Água para a Cidade de Campinas, de autoria do engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza. O projeto foi o embrião do funcionamento da Companhia Campineira de Águas e Exgottos, criada a 5 de julho de 1887.


Foto de 1916 mostra um dos reservatórios da Companhia Campineira de Águas e Exgottos


Os sócios da empresa eram o coronel Joaquim Quirino dos Santos, Bento Quirino dos Santos, o próprio Paula Souza e o engenheiro inglês Roberto Normanthon. O especialista inglês seria o responsável pelo projeto de captação de água finalmente escolhido para Campinas, e que não vai seguir as recomendações de Paula Souza.

Pelo projeto de Normanthon, seriam captadas as águas dos ribeirões Iguatemi e Bom Jesus, a 18 km do centro de Campinas, na então Vila de Rocinha. O bairro depois passou a pertencer a Vinhedo, e o sistema de abastecimento foi repassado à Prefeitura de Valinhos.

Com a febre amarela que atingiu a cidade em 1889, é apressada a construção do sistema de abastecimento, inaugurado a 2 de janeiro de 1891, pelo já prefeito Antônio Álvares Lobo (com a Proclamação da República, o Executivo Municipal que cabia à Câmara passa para as mãos do intendente, precursor do atual prefeito).

Casa de aferição do nível do reservatório existente até hoje na av. Abolição

Subterrâneos da mesma estação de tratamento de água da av. Abolição

Os efeitos da febre amarela, que esvazia a cidade no final do século XIX, fazem com que o sistema da Rocinha seja suficiente para o abastecimento de Campinas até a segunda década do século XX. A ampliação do sistema de abastecimento, para atender ao novo surto de crescimento a partir da década de 1920, será feita já com a Companhia Campineira municipalizada, a 7 de dezembro de 1923.


Estudos para a ampliação do próprio Sistema Rocinha foram de fato realizados, pelo engenheiro Egydio Martins, a pedido do prefeito Miguel de Barros Penteado. Mas os projetos são abandonados, sendo então analisados os planos de captação no rio Atibaia, que já tivera um papel importante para Campinas, na movimentação dos primeiros engenhos de cana no século XVIII.

Um primeiro projeto, de Augusto de Figueiredo, foi melhorado pelo próprio Egydio Martins, e finalmente assumido por uma Comissão Especial da Câmara Municipal, encarregada de discutir e decidir sobre o novo sistema de abastecimento de água, considerado estratégico para sustentar o crescimento futuro de Campinas.

Em 1934, a Comissão Especial emite o seu parecer, dando-se início à implantação do sistema, baseado na captação e adução inicial de 10 milhões de litros. Um reservatório seria construído no bairro Cruzeiro, de onde a água seria distribuída por gravidade para as áreas baixas do Fundão, Vila Maria, Vila Marieta e Vila Paraíso. Também haveria sub-adutoras para o Chapadão e a Ponte Preta, cujo reservatório já recebia as águas da Rocinha.

A inauguração do novo sistema aconteceu em 1936, viabilizando o grande crescimento da cidade nas décadas de 1940 a 1970, mas já na época Campinas perdeu a oportunidade de instalação concomitante de um sistema de esgotos, que chegou a ser examinado pela mesma Comissão Especial da Câmara, mas não foi concretizado por falta de recursos e de alguma vontade política.

Depois, com o crescimento exagerado nas décadas 1950 a 1980, todos recursos existentes passaram a ser investidos na ampliação do sistema de distribuição de água. Além disso, os recursos disponíveis estavam concentrados, durante o regime militar inaugurado em 1964, na esfera do Sistema BNH e das empresas estaduais de saneamento. Isso tudo, aliado ao mito político de que "dinheiro investido embaixo da terra não dá voto" (no caso obras com tratamento de esgotos), resultou em um atraso de mais de 60 anos para a instalação de um sistema de tratamento de esgotos urbanos, em Campinas e região, e a consequência é o que se vê hoje.

26 de janeiro de 2007

Personagem: Orosimbo Maia

Orosimbo Maia (campineiro, nascido em 1862) fundador do Colégio Progresso Campineiro e com passagens pela Câmara Municipal como vereador; foi grande incentivador das reformas urbanas, através das quais tentou imprimir uma marca na história da cidade.

Membro do Partido Republicano Paulista, Orosimbo Maia (Membro do Partido Republicano Paulista ) foi o primeiro prefeito de Campinas ao tomar posse em janeiro de 1908. Com espírito inovador, Orosimbo Maia inaugurou o Mercado Municipal em 12/04/1908, numa época em que a cidade tinha 35 mil habitantes e 5 mil edificações.

Nos relatórios anuais publicados pela Prefeitura notou-se uma crescente preocupação, a partir da década de 1920, em controlar o crescimento urbano da cidade, bem como, em proporcionar sua modernização, para que estivesse compatível com a intensificação da vida urbana. Para isso, uma série de medidas foi tomada, especialmente na gestão do prefeito Orosimbo Maia (segundo mandato em 1926 a 1930) - também grande incentivador do plano de urbanismo. Reorganizou e ampliou a então denominada Repartição de Obras que passou a chamar-se Repartição de Obras e Viação.


Orosimbo Maia é destituído após a capitulação do movimento revolucionário de 1932 e substituído por algumas horas pelo tenente-coronel Elias Coelho Cintra em 1/10/1932 e nesse mesmo dia por Alberto Cerqueira Lima que permaneceu até 7/9/1933.

É nome de importante avenida em Campinas onde existe um busto em sua homenagem e que foi inaugurado em 1950.


Faleceu em 19/04/1939 e foi enterrado no túmulo, da foto acima, no Cemitério da Saudade.

25 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: 1908 - Lyceu Artes e Offícios


Com edição da Casa Genoud; assim era o Lyceu Artes e Officios em 1908. Hoje tem o nome de Liceu Salesiano.

24 de janeiro de 2007

Curiosidades: 1933 - Manhã no Largo do Rosário

Na manhã de 31/08/1933 a pacata Campinas foi surpreendida; pois na madrugada a prefeitura, a comando do prefeito Orosimbo Maia, fez podar as árvores existentes no local para uma reforma no citado largo (que na verdade chama-se Praça Visconde de Indaiatuba).

23 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: 1927 - Cine República estréia


A foto acima mostra em 1927 a sessão de estréia do Cine República, no caso o filme Mocidade Louca.

22 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: 1899 - Rua Barão de Jaguara inundada

Foto de 1899 mostra uma inundação na rua Barão de Jaguara devido a falta de canalização

20 de janeiro de 2007

Curiosidades: Meados e fins do século XIX e 1o. quartil do século XX

Resgatando do passado, aquilo de bom que saiu na imprensa, quanto a história de Campinas. Adaptando-o para o atual linguajar, incrementando-o com fotos da época mencionada no artigo, além da correção ortográfica necessária. Temos pois um artigo publicado pelo saudoso historiador campineiro José de Castro Mendes, em 31/10/1968 no jornal Correio Popular, sob título “Influência francesa no comércio local”. Este mostra o quanto elegante era a Campinas de meados de 1800 até 1º. quartil de 1900; mais exatamente no que tange aos usos e costumes. Vamos ao artigo:

Artigo publicado em 1874.

“Não deixa de ser interessante a notória influência francesa que predominou no comércio local, a partir dos meados do século XIX.

Percorrendo velhas coleções de jornais, deparamos freqüentemente com anúncios curiosos que nos falam dessa preferência e simpatia, através do batismo de inúmeras casas com nomes afrancesados.

Modistas, joalheiros, alfaiates, cabeleireiros, hotéis, etc., levantavam suas taboletas de reclame nas quais indicavam a arte de bem comer e de vestir, moldadas pelo reconhecido bom gosto e requintes provenientes daquele país.

E na cidade pequena, de casas baixas, de largos berais, que deitavam sombras nas ruas estreitas de ares provincianos, isso, naturalmente, causava a melhor impressão, nivelando-a aos grandes centros onde a cultura francesa gozava de larga aceitação.

Na rua Barão de Jaguara a joalheria J. Gerin.

Em 1880, abriam suas portas o Restaurante Des Pirinés, conceituadíssimo pela sua cozinha a “La carte”. Outra casa do mesmo gênero, era o Restaurant de France, que anunciava em francês pelos jornais as suas especialidades. “La Parisiense”, fabricava viaturas elegantes, caleças (do Francês. Calèche - carro leve de quatro rodas e capota dobrável) e coupês nos tipos mais usados em Paris.

Localizada à rua do Comércio (Dr. Quirino), centro das mais importantes casas comerciais da época, “La Mode Parisiene” era muito procurada pelas senhoras elegantes, que ali encontravam completo sortimento de fazendas e adornos. Uma oficina de costuras muito conhecida era “Au Printemps”, com especialidade em roupas para crianças.
A família de Barão Geraldo de Rezende posando para foto no pátio da Fazenda Santa Genebra, veja a elegância das mulheres na foto.

Chapéus, flôres, fitas e enfeites variados, podiam ser encontrados nas casas “La Marguerite”, “Mme. Rase”, ou na “Vile de Paris”, no Largo da Matriz Nova (Catedral). Para os cavalheiros que desejavam aprimorado corte de cabelos, barba e bigodes tratados a capricho, com fricções de perfumaria estrangeira, não havia melhor do que o Salon de Paris, situado na rua Direita (Barão de Jaguara) , “Cabrier & Cia.”, era a firma proprietária da Alfaiataria Francesa, à rua do Rosário (hoje av. Francisco Glicério), casa frequentada pelos elegantes da cidade.

Muito procurada também era a Chapelaria Francesa, de Mme. Renriete Bhermann, na praça da Matriz Velha (Igreja do Carmo). Escovas, pentes, leques e tranças vendiam-se no “Ao Chic Parisien”, sempre em dia com as últimas novidades no gênero.

Outro restaurante apreciadíssimo pela sua mesa requintada, era o “La Renaiscense”, localizado à rua Regente Feijó. No antigo prédio que existiu onde atualmente se encontra o edifício Kaufmann, durante vários anos funcionou o Hotel de França de Ferdinand Domingos, casa de primeira ordem que mantinha secções de restaurante, bar, sorveteria, confeitaria, salão de chá, fábricas de doces finos, encarregando-se também de pensões a domicílio e serviços completos para casamentos e batizados.

A loja Au Monde Elegant, ficava na confluência das rua Barão de Jaguara com a rua César Bierrenbach.

“Weill & Freres” forneciam fazendas, plumas, flôres e bordados de importação em larga escala. Tornou-se famosa pelas suas múltiplas atividades a casa “Ao Monde Elegant”, de Alfredo Genoud, mais tarde denominada Casa Genoud, com secções de livraria, papelaria, armarinhos, brinquedos, músicas e instrumentos, fábrica de caixas de papelão, perfumaria e tipografia. Um dos mais conhecidos estabelecimentos de moda que a cidade contava no seu importante comércio era a “Notre Dame de Paris”, de proprietários portugueses, localizada à rua dr. Quirino, canto do tradicional Beco do Inferno, hoje desaparecido.

A Casa Genoud foi construída no local onde havia a Au Monde Elegant.

Além do grande e primoroso estoque de fazendas finas, casimiras, lã e sedas importadas dos mais afamados produtores europeus, esta casa, freqüentada pela alta sociedade campineira, mantinha atelier de costura sob a direção de hábil contra-mestra francesa. Dali saiam finíssimos enxovais para noivas endinheiradas que exigiam o que havia de melhor no ramo.

Outro estabelecimento de hospedagem bastante conhecido era o Hotel de Paris, de Pierre Lambourget, na rua do Bom Jesus (hoje av. Campos Salles).

Relógios e jóias finas, encontravam-se na casa “Ao Perret”, à rua Direita. Roupas feitas para homens e crianças forneciam Renri Bloch & Freres. Modas para senhoras em geral, chapéus, rendas, fitas, plumas, fivelas, alfinetes fantasia e adornos de penas vendiam-se na loja “La Mode Parisiene”, à rua do Comércio (hoje Dr. Quirino).
Veja a elegância das mulheres e homens pelas ruas de Campinas, no caso a rua General Osório em 1915.

Quanta seda fina, rendas primorosas, leques deslumbrantes e bijouterias de muito gosto proveniente de Paris, Lion e Marseille, não despertou a vaidade de nossas vovós então moças elegantíssimas, cujos vestidos eram talhados sob modelos do Miroir Des Dames ou de La Mode Illustrée. As grandes, mangas folhudas, os corpetes ajustados, e as amplas saias compridas até os pés, certamente exigiam remates e enfeites de qualidade que a França exportava com os requintes de seu artesanato até hoje insuperável.

E Campinas estava a altura de satisfazer todos os caprichos da moda masculina e feminina através de casas especializadas e importadoras sempre em dia com os últimos lançamentos da França.”

19 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: 1895 - Largo do Rosário


Inspirado no livro Retratos da Velha Campinas, de José de Castro Mendes (nome que deu origem ou foi homenageado com o Teatro Castro Mendes), editado em 1951. Pode-se ver a foto, retirada do mesmo livro, o pacato e bucólico Largo do Rosário em 1895. Nele podemos notar o grande arvoredo que havia, assim bem como os bancos de madeira e ferro; onde os senhores elegantemente trajados conversavam descontraidamente.

18 de janeiro de 2007

Curiosidades: 1945 a 1947 - Desapropriação do Aeroporto de Viracopos

Joaquim de Castro Tibiriçá, prefeito entre 1945 e 1947, desapropriou a área onde três décadas depois seria construído o aeroporto de Viracopos. Criou a Biblioteca Municipal e incentivou a industrialização no município.

17 de janeiro de 2007

Personagem: Júlio Ribeiro


Júlio Ribeiro (Júlio César Ribeiro Vaughan), jornalista, filólogo e romancista, nasceu em Sabará, MG, em 16 de abril de 1845, e faleceu em Santos, SP, em 1 de novembro de 1890. É o patrono da Cadeira n. 24, por escolha do fundador Garcia Redondo.

Era filho do casal George Washington Vaughan e Maria Francisca Ribeiro Vaughan, professora pública, com quem fez os estudos de instrução primária, matriculando-se depois em um colégio mineiro. Deixou-o para vir estudar na Escola Militar do Rio de Janeiro, em 1862.

Três anos depois, interrompia o curso militar para se dedicar ao jornalismo e ao magistério. Tinha adquirido, para essas atividades, os mais completos recursos: conhecia bem o latim e o grego e tinha conhecimentos de línguas modernas, além de conhecer música. Fez concurso para o curso anexo da Faculdade de Direito de São Paulo, na cadeira de Latim, ainda na Monarquia. Na República, de cuja propaganda participara, foi professor de Retórica no Instituto de Instrução Secundária, em substituição ao Barão de Loreto.

O jornalismo talvez tenha sido o seu campo de atividade intelectual mais constante. Foi proprietário e diretor de diversos jornais, como o Sorocabano (1870-72), em Sorocaba; A Procelária (1887) e O Rebate (1888), em São Paulo. Colaborou também no Estado de S. Paulo, no Diário Mercantil, na Gazeta de Campinas, no Almanaque de São Paulo, nos quais publicava seus estudos sobre filologia, arqueologia e erudição em geral.

Foi um jornalista combativo, panfletário, polemista. Ao defender a própria literatura contra os que o atacavam, reconheceu: "Das polêmicas que tenho ferido nem uma só foi provocada por mim: eu não sei atacar, eu só sei defender-me, eu só sei vingar-me." Quanto ao filólogo, procurou ajustar o rigor lusitano da língua aos moldes do linguajar nativo. Apesar disso, a sua Gramática portuguesa envelheceu, superada pelos estudos de filólogos posteriores.

Como romancista, filia-se ao Naturalismo. Seu romance A carne (1888) constituiu grande êxito, ao menos pela polêmica então suscitada, e com ele Júlio Ribeiro ficou incorporado ao grupo dos principais romancistas do seu tempo. No momento em que foi publicado pareceu aos leitores impregnado da preocupação de exibicionismo sensual, o que provocou a irritação de muita gente. Vários críticos, entre eles José Veríssimo e Alfredo Pujol, atacaram o romance. O ataque principal partiu do padre Sena Freitas, com o seu artigo "A carniça", publicado no Diário Mercantil. O romancista, espírito orgulhoso e altivo, republicano, inimigo acérrimo de batinas, revidou com uma série de artigos intitulados "O Urubu Sena Freitas", publicados em dezembro de 1888. Este episódio está recolhido no livro Uma polêmica célebre. Não se trata de "um romance simplesmente obsceno", como dizia Pujol, nem é um romance cortado de episódios ridículos, como insinuava José Veríssimo. Manuel Bandeira, em estudo que dedicou a Júlio Ribeiro, fez justiça ao romancista e ao seu romance.

Obras: Gramática portuguesa (1881); O padre Belchior de Pontes, romance, 2 vols. (1876-77); Cartas sertanejas (1885); A carne, romance (1888); Uma polêmica célebre (Edições Cultura Brasileira, 1934).

Júlio Ribeiro morreu tuberculoso e em extrema miséria, sob o vexame moral de se ver sustentado pelos amigos. Sua sepultura, na necrópole do Paquetá, sem dúvida imponente e também custeada pelos mesmos amigos.

É nome de rua no bairro do Bonfim.

16 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: Década de 1930

Poderíamos até dizer que seria Chicago, EUA. Mas é a rua Barão de Jaguara na década de 1930. Para comprovar isto podemos ver ao lado direito do espector o indicativo da Casa Livro Azul.

15 de janeiro de 2007

Notícias de ...: 1903

Em 1903, para que o escritor Coelho Neto, uma espécie de Jorge Amado da época, então residindo em Campinas - levasse ao palco uma pequena peça lírica, a família Castro Mendes (Casa Livro Azul) mandou prover o Teatro São Carlos de uma pequena usina geradora de eletricidade. A novidade aguçou o espírito da municipalidade. Logo postes começaram a ser levantados nas ruas centrais. Em fins de 1907 foram estendidos os fios de transmissão.

Em janeiro de 1908 giraram pela primeira vez os ventiladores de teto da Casa Barsotti, na rua Barão de Jaguara, freqüentada pela intelectualidade republicana. Não demorou muito e praticamente todas as ruas do centro foram dotadas de luminárias de arco voltáico. Muitas residências tinham não só eletricidade, mas também ventilador, fogão elétrico e até banho quente.

14 de janeiro de 2007

Monumento: Cemitério da Saudade


Fotos mostram a década de 1910.

O Cemitério da Saudade é um dos mais importantes do Brasil e incorpora cinco outros cemitérios particulares localizados em seus arredores. Fazem parte do que pode ser considerado "complexo Saudade", o Cemitério São José; o de São Miguel e Almas; o Cura D`Ars; o Cemitério Venerável da 3a Ordem do Carmo e o da Irmandade do Santíssimo Sacramento (no qual estão sepultadas inúmeras personalidades da história de Campinas).

Fundado em 10 de outubro de 1880, quando recebeu corpos anteriormente sepultados em um cemitério da Vila Industrial (desativado com a chegada da ferrovia) é o mais antigo cemitério de Campinas. Consta em registros históricos, que a desativação do cemitério nas proximidades da linha férrea deu-se por decisão da Câmara Municipal, e que o Saudade foi escolhido para substituí-lo pelo fato de estar situado, na época, distante do que era a área central da cidade.

Sua dimensão total é superior a 181,5 mil metros quadrados, nos quais estão sepultados monarquistas, republicanos, heróis, anônimos, escravos e imigrantes que, cada um a seu modo, contribuíram para construir a cidade e sua história. Nele estão erguidas cerca de 32 mil sepulturas onde já foram sepultados, desde o início de seu funcionamento até os dias atuais, aproximadamente de 500 mil corpos.

Joaquim Ferreira Penteado (Barão de Itatiba) construiu a capela (no centro da alameda principal, no Cemitério do Santíssimo Sacramento) e doou a área do cemitério para a cidade.

Até 1925 foi conhecido como Cemitério do Fundão, já que a área que ocupa pertencia à Fazenda do Fundão. O primeiro registro de sepultamento no Saudade data de 1889 e se refere ao corpo de uma mulher, embora tenha havido anteriormente alguns outros cujos registros se encontram na Cúria Metropolitana. Por sua importância na cidade, o cemitério teve seu portal de entrada, prédio administrativo e o traçado deste é atribuído à Ramos de Azevedo, assim como o projeto do cemitério público da cidade de Amparo, e inaugurados em 1899.

Prédio da Administração

A imponência das sepulturas em algumas de suas quadras revela o status em vida, o gosto e o comportamento das famílias abastadas, e a Economia do final do século XIX e início do século XX. Ou seja, a história da sociedade campineira em boa parte.

Memória Preservada

O Cemitério da Saudade guarda bem mais do que um período da história da arte tumular. Suas 112 quadras, que abrigam sepulturas de pessoas simples, de vítimas de epidemias, de ilustres, de heróicos policiais (sepultados no Mausoléu da Polícia Militar), além do monumento (ao lado do portal de entrada) em homenagem aos soldados constitucionalistas, que perderam a vida por um ideal em 1932, proporcionam uma retrospectiva da história de Campinas.


Logo na entrada, a suntuosidade das sepulturas localizadas do lado esquerdo, na alameda principal, revela o poderio em vida das famílias ilustres da cidade, que transferiam para as sepulturas, por meio do material que as confeccionavam, e de seus adornos, o poder e prestígio que possuíam em vida. Um dos exemplos é a capela onde está sepultado Joaquim Ferreira Penteado (Barão de Itatiba), e que deu nome à rua Ferreira Penteado no Centro de Campinas; a maior sepultura do Saudade.

A entrada do cemitério concentra as sepulturas das figuras de destaque da Campinas do passado. São barões, baronesas, monarquistas, republicanos, políticos, médicos, juristas e outras personalidades. E o fato de ocuparem esta área tem uma explicação: os terrenos dali eram os mais caros e apenas as famílias de posses podiam adquirí-los.

Mas o cemitério preserva também uma história bem menos esplendorosa, nem por isso menos importante. É nele que estão sepultadas as vítimas das epidemias de febre amarela que afetaram fortemente a população da cidade.

Sepulturas de pessoas de orígens e condições sociais diferentes dividem o espaço do Cemitério da Saudade. E, entre elas, as dos milagreiros, pessoas humildes que, ao longo dos anos, foram se transformando em objeto de devoção do povo, às quais se credita a realização de milagres. São conhecidos como milagreiros Maria Jandira, os três anjinhos e o escravo Toninho (escravo que foi do Barão Geraldo, e que está enterrado ao seu lado) .

Uma das sepulturas mais visitadas do Saudade é a de Maria Jandira. Segundo os devotos, ela era uma prostituta que ficou noiva e ia se casar. Mas bem próximo à cerimônia que faria dela uma senhora respeitada, o noivo desistiu do casamento. Desesperada Maria Jandira teria se suicidado, ateando fogo ao corpo. Sua sepultura, a de número 289, na quadra 28, recebe visitas de pessoas com problemas matrimoniais e amorosos.

Também são tidas como milagreiras três crianças que morreram em função de um incêndio na fazenda onde moravam. Os devotos levam oferendas para os "três anjinhos", modo como são identificados, principalmente no dia 27 de setembro, data em que são homenageados Cosme e Damião.

Homem de confiança do Barão Geraldo de Resende, o escravo Toninho, que trabalhava na fazenda de café do barão, era reconhecido por sua bondade para com todos os moradores da colônia. Quando morreu, o barão adquiriu um terreno para que Toninho fosse sepultado em área nobre no Cemitério da Saudade.

Quando o barão faleceu sua família quis que ele fosse sepultado bem próximo ao homem de sua confiança. Com o tempo, o povo passou a atribuir milagres ao escravo Toninho. Sua sepultura é ainda hoje uma das mais visitadas.

Entre os realizadores de milagres há também um ilustre: Vieira Bueno. Acredita-se que isto sé dá pelo fato de, em vida, ter sido extremamente bondoso e dedicado aos pobres. Como apontado em sua biografia, Vieira Bueno teve importância destacada no atendimento às vítimas de todas as epidemias de febre amarela que atingiram a cidade até sua morte, em 1905.

Museu a Céu Aberto

O Cemitério da Saudade tem, ao longo dos anos, desempenhado papel que não se restringe somente ao sepultamento de corpos. Tem servido também, por sua importância histórica, cultural, e por sua beleza, de espaço para teses universitárias, pesquisas e aulas de História, de tema para livros e recorrentes reportagens de jornais e revistas e foi utilizado como cenário para produção cinematográfica de alcance nacional.

Imagens do Saudade foram mostradas em todo o país no filme "Memórias Póstumas de Braz Cubas", adaptado da obra de Machado de Assis, e estrelado por Sônia Braga e Reginaldo Faria. Parte do filme foi rodada no Cemitério da Saudade em 1999.

O interesse dos segmentos voltados à arte, à cultura e ao ensino e à história pelo Cemitério da Saudade tem justificativa; a de ser considerado um museu a céu aberto, cuja preservação é indispensável.

Esta qualificação se dá por conta da sofisticação e da quantidade de obras produzidas por figuras de renome da arte da escultura em mármore que ornamentam grande parte das sepulturas. Em especial aquelas onde estão sepultados os ilustres da história de Campinas.

De extrema importância para o estudo da arte tumular (e para entender a segmentação social na cidade durante o final do século XIX e início do século XX, auge do período em que o café era o grande gerador de riqueza), o Saudade abriga trabalhos de marmoristas que chegaram da Itália no final do século XIX, além de algumas obras encomendadas pelas famílias e trazidas da Itália.

São peças em mármore carrara, considerado uma das pedras mais nobres para escultura, que chegava ao Brasil pelo porto de Santos em grandes blocos vindos de Marina de Carrara, no Noroeste da Itália. Conta-se que famílias abastadas da cidade escolhiam em catálogos europeus as esculturas para ornamentar suas sepulturas. E as peças eram fielmente reproduzidas pelos marmoristas.

As esculturas, no entanto, não obedecem a um único estilo artístico. Em algumas das sepulturas pode-se notar a mistura deles. Na de Leonor Penteado, por exemplo, é possível observar uma escultura do italiano Giuseppe Tomagnini, considerado talvez o maior fornecedor de mármore da Itália e o grande representante da fase da arte tumular em mármore no Saudade. A sepultura (uma das primeiras da alameda principal) mescla arte grega, realismo e neoclássico, definindo o ecletismo de estilos adotado na época.

Além de Tomagnini, outros escultores contribuíram para a valorização artística do Saudade. Anjos, bustos, frades, santos, Pietás, Cristos e adornos são assinados também por artesãos das famílias Marcelino Velez, J. Rosada e Bocatta, de talento inegável.

Os artistas eram em maioria oriundos de famílias de imigrantes italianos. A imigração favoreceu a expansão da técnica da cantaria (entalhe detalhado) no Brasil e acabou por transformar o Cemitério da Saudade em local onde a tradição sobrevive em um de seus últimos redutos. Os artistas que deixaram suas obras no Saudade eram fortemente influenciados pela escola italiana Pietrasanta.


Lélio Coluccini, escultor de reconhecimento mundial, ganhador de importantes prêmios internacionais (que estudou na Pietrasanta e está sepultado no Saudade), deixou também sua marca por meio do número expressivo de obras de arte que ornamentam várias sepulturas.

Admirado por Pietro Maria Bardi - que em vida dirigiu o Museu de Arte de São Paulo (MASP), Coluccini é autor de outros trabalhos que podem ser observados em Campinas. A Revoada das Andorinhas, em frente ao Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (MACC) e o Monumento ao Bicentenário, no Largo das Andorinhas, são dois exemplos.

Pucceti, contemporâneo de Coluccini, além de Nicola del Nero e Albertini, deixaram igualmente marcas do talento no cemitério, através de obras de arte que produziram, já não em mármore, mas em granito, latão e bronze, que após a Segunda Guerra Mundial passaram a dominar a arte tumular no Brasil. Coluccini em uma segunda fase de seu trabalho, também utilizou estes materiais, esculpindo figuras estilizadas, obedecendo já aos padrões do Modernismo.

Examinando as obras de arte guardadas no Saudade é impossível apontar a escola predominante nas esculturas, uma vez que elas carregam elementos neogóticos, renascentistas, coloniais, da arte grega, do realismo e da art-décor. Mas é possível identificar as três fases pelas quais passou a arte tumular: a do mármore carrara, a do granito e a do bronze/latão.

A Segunda Guerra Mundial - que dificultou as importações e terminou por instalar uma crise econômica também mundial, tornando mais escassa a riqueza gerada pela produção do café brasileiro - é atribuído o declínio do mármore carrara que, na arte tumular, foi sendo substituído, então, por materiais mais acessíveis.

A sepultura de Thomaz Alves parece separar as quadras que demonstram a queda do mármore dos barões e poderosos, e a ascensão de materiais menos nobres. A sepultura é ornamentada, além do mármore, também com granito e bronze/latão.

13 de janeiro de 2007

Curiosidades: 1923 - Cinema em casa?

Com o fascínio exercido pelo cinema, proliferaram os equipamentos cinematográficos e uma pequena indústria de produção de filmes chegou a prosperar na cidade. Consta que o filme de João da Mata, produzido em Campinas em 1923 por Amilar Alves, foi o primeiro longa metragem da história do cinema brasileiro. Uma empresa oferecia às famílias campineiras a oportunidade inédita de terem "um cinema em casa”. Oferecia tanto o equipamento de projeção quanto as fitas. Com 70 anos de antecipação ao videocassete, muitos campineiros tinham, assim, a chance de projetar filmes só para o círculo familiar.

12 de janeiro de 2007

Personagem: Luis Gama


Luís Gonzaga Pinto da Gama (nasceu a 21 de junho de 1830 em Salvador e faleceu em São Paulo, 24 de agosto de 1882) foi um advogado, jornalista e escritor brasileiro.

Filho de Luíza Maheu (ou Mahin), africana da nação Nagô, nascida na costa da Mina. Trabalhava no comércio como quitandeira, sendo conhecida na cidade de Salvador. Conforme texto auto-biográfico do próprio Luís, a sua mãe foi detida em várias ocasiões, por se envolver em planos de insurreições de escravos. Negra livre e muçulmana, teria se envolvido em revoltas de escravos islamizados na Bahia e na sabinada durante a década de 30, fugido para o Rio de Janeiro e dada como desaparecida anos mais tarde.

Seu pai foi um fidalgo português, gostava de pesca, caça, cavalos, jogo de cartas, festas e assim esbanjou toda fortuna que herdara em 1836 de uma tia.

Em 1837, a mãe foi deportada para o Rio de Janeiro, acusada de participação na Sabinada. Como nunca se converteu ao cristianismo, Luís só aos oito anos de idade foi batizado. Em 10 de novembro de 1840, o jovem, então com dez anos de idade, foi vendido ilegalmente por seu próprio pai como escravo.

Luis Gama foi transportado como escravo no navio Saraiva até à cidade do Rio de Janeiro, ficando com o comerciante Vieira, estabelecido na esquina da Rua da Candelária com a Rua do Sabão. Ainda em 1840 foi vendido para o alferes Antônio Pereira Cardoso num lote de mais de cem escravos, sendo todos trazidos para a então Província de São Paulo pelo Porto de Santos.

De Santos até à cidade de Campinas a viagem foi realizada a pé. Em Campinas ninguém o comprou por ser baiano. Os escravos baianos tinham fama de revoltosos, negros fujões. Voltou para a cidade de São Paulo e, já que o alferes não o vendeu, foi seu escravo na sua residência, onde aprendeu os ofícios de copeiro, sapateiro, lavar, passar e engomar, todos os oficios do escravo doméstico.

Em 1847, quando tinha dezessete anos, Antônio Rodrigues de Araújo hospedou-se na casa do alferes. O jovem tornou-se amigo de Luís Gama e o ensinou a ler e escrever. Gama, conscientizando-se da ilegalidade de sua condição, evadiu-se em 1848, inscrevendo-se nas milícias.

Na década de 1860 tornou-se jornalista de renome, ligado aos círculos do Partido Liberal. Nesta época colaborou no Cabrião de Angelo Agostini. Participou da criação do "Club Radical" e, mais tarde, da criação do Partido Republicano Paulista, ao qual se manteve ligado até à sua morte, em 1882.

Advogado provisionado (chegou a ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, mas desistiu), passou a ganhar a vida como rábula, a partir de sua demissão do emprego de amanuense por motivos políticos, ligados à veemência da sua atuação jurídica a favor da libertação dos escravos. Com o apoio (inclusive financeiro) da Loja Maçônica abolicionista à qual pertencia, desde então despenderia a maior parte de suas energias em levar aos tribunais causas cíveis de liberdade.

Sua liderança abolicionista criou, em torno de si, o movimento abolicionista paulista. Gama, sozinho, foi o responsável pela libertação de mais de mil cativos - um feito notável - considerando-se que agia exclusivamente com o uso da lei. A sua morte comoveu a cidade de São Paulo, e o féretro foi o mais concorrido até então naquela terra. A cada momento alguém subia numa tribuna improvisada, promovendo um discurso emocionado.

Um de seus amigos foi Antônio Bento, que continuou seu trabalho para a libertação dos escravos em terras paulistas.
Retratado em 1878.


Homenagem

De Luís Gama, disse Raul Pompéia:

"...não sei que grandeza admirava naquele advogado, a receber constantemente em casa um mundo de gente faminta de liberdade, uns escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem pede esmola; outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhes dera um bárbaro senhor; outros... inúmeros. E Luís Gama os recebia a todos com a sua aspereza afável e atraente; e a todos satisfazia, praticando as mas angélicas ações, por entre uma saraivada de grossas pilhérias de velho sargento. Toda essa clientela miserável saía satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, outro a liberdade, alguns um conselho fortificante. E Luís Gama fazia tudo: libertava, consolava, dava conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava, exauria-se no próprio ardor, como uma candeia iluminando à custa da própria vida as trevas do desespero daquele povo de infelizes, sem auferir uma sobra de lucro...E, por essa filosofia, empenhava-se de corpo e alma, fazia-se matar pelo bom...Pobre, muito pobre, deixava para os outros tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais abastado."

Advogado da Raça

Demonstrando que a escravidão era sistema injusto e injustificável, Luís Gama produziu alguns pensamentos que merecem reflexão:
• "O escravo que mata o seu senhor pratica um ato de legítima defesa."
• "Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime.
• Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam; que essa cor convencional da escravidão, tão semelhante à da terra, abriga sob sua superfície escura, vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade."

É nome de rua no bairro do Bonfim em Campinas.

11 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: Década de 1920

Especular vista, da década de 1920, do Centro de Campinas com vista para a região leste da cidade, na confluência das ruas General Osório e Regente Feijó. Vê-se logo abaixo a loja Photographia Costa, hoje existe na quadra toda o Palácio da Justiça. Vide ainda um bonde seguindo na rua Gerneral Osório.

No lado direito central do observador pode-se ver o Mercado Municipal. No horizonte acima em seu lado direito pode-se observar também o prédio da delegacia de polícia que fica na av. Andrade Neves e mais ao horizonte em seu lado esquerdo vê-se também um dos galpões da estação ferroviária.

Clique sobre a foto para ter uma melhor visão da belíssima paisagem que ficou somente na memória; isto pois atualmente esta vista é impossível.

10 de janeiro de 2007

Personagem: Saldanha Marinho


Joaquim Saldanha Marinho (Olinda, 4 de maio de 1816 - Rio de Janeiro, 27 de maio de 1895) foi um jornalista, sociólogo e político brasileiro.

Bacharelou-se na Faculdade de Direito do Recife em 1836. Advogado, foi presidente das Províncias de Minas Gerais e de São Paulo, e deputado pela de Pernambuco.

Foi signatário do Manifesto Republicano (1870). Eleito senador, não foi escolhido na lista tríplice por D. Pedro II.

Grão-mestre da maçonaria, teve destacada atuação na Questão Religiosa.

Foi um dos autores do anteprojeto da Constituição de 1891 e senador da República de 1890 a 1895.

Principais obras:
- Direito Comercial (1869)
- O Governo e os Bispos (1874)
- A Igreja e o Estado (1873-1874, em quatro volumes, sob o pseudônimo de Ganganelli)
- A Monarquia e a Política do Rei (1884)

É nome de rua na parte central de Campinas.

9 de janeiro de 2007

Personagem: Quintino Bocayuva


Quintino Bocayúva (nascido no Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1836 e faleceu no Rio de Janeiro, 11 de junho de 1912) foi um jornalista e político brasileiro, conhecido por sua atuação no processo de Proclamação da República. Como político, foi o primeiro ministro das relações exteriores da República, de 1889 a 1891.

Em 1850 mudou-se para a cidade de São Paulo, iniciando a sua vida profissional como tipógrafo e revisor. Preparando-se para cursar Direito, foi forçado a abandonar os estudos por falta de recursos. Nesta fase, colaborou no jornal Acaiaba (1851), quando adotou o nome Bocaiúva (espécie brasileira de coqueiro), para afirmar o seu nativismo (à época grafava-se Bocayuva). Seu nome de batismo era Quintino Antônio Ferreira de Sousa.



Defensor ardoroso das idéias republicanas, de volta ao Rio de Janeiro trabalhou no jornal Correio Mercantil (1854) e no Diário do Rio de Janeiro (1860-1864), vindo a ser um dos redatores do Manifesto Republicano, que veio a público em 3 de Dezembro de 1870, na primeira edição do A República, e em cujas páginas escreveu até ao seu encerramento, em 1874. Colaborou ainda em O Globo (1874-1883), tendo, a partir de 1883, ingressado em O Paiz.

Maçom, era contrário às idéias positivistas. Polemista de discurso agressivo e lógico, no Congresso Republicano (São Paulo, Maio de 1889) prevaleceu a sua tese de uma campanha doutrinária pela imprensa para o advento gradual da República.

A sua aproximação de personalidades civis (chamados de casacas) e militares descontentes com o regime monárquico (específicamente junto a Benjamin Constant e ao Marechal Deodoro da Fonseca), foi decisiva nos acontecimentos que levaram à deposição do Imperador e à implantação da República no Brasil.




Foi o único civil a cavalgar, ao lado de Benjamin Constant e do marechal Deodoro da Fonseca, com as tropas que se dirigiram ao quartel-general do Exército brasileiro, na manhã de 15 de Novembro de 1889, para proclamar a República.

Com esta, participa do Governo Provisório, assumindo a pasta das Relações Exteriores. Nessa qualidade, negociou e assinou o Tratado de Montevidéu (25 de janeiro de 1890) visando solucionar a Questão de Palmas, entre o Brasil e a Argentina. Considerando que o diplomata extrapolou quanto à concessão territorial para a conclusão das negociações, o Congresso Nacional brasileiro rejeitou os termos do Tratado (1891) e Bocaiúva deixou a pasta para continuar como Senador pelo Estado do Rio de Janeiro na Assembléia Nacional Constituinte. Permaneceu no cargo até à votação da Constituição (24 de Fevereiro de 1891), renunciando ao mandato para retornar ao jornalismo, dirigindo o jornal O Paiz.



Em 1899 foi reeleito Senador, sendo subseqüentemente escolhido para o governo do Estado do Rio de Janeiro (1900-1903). Em 1909 retornou ao Senado, tendo exercido o cargo de vice-presidente de 1909 a 1912. Nessa função, apoiou a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República (1910) e, nesse mesmo ano, ocupou a presidência do Partido Republicano Conservador do caudilho gaúcho José Gomes Pinheiro Machado.

É nome de rua no bairro Bonfim.

7 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: Escola Corrêa de Mello

Escola fundada na década de 1880 e que existiu junto ao Mercado Municipal até por volta de 1962, quando foi demolida. A escola era em homenagem ao botânico Joaquim Corrêa de Mello, sendo um de seus feitos; ter auxiliado, com seus conhecimentos de botânica e química, Hércules Florence na descoberta da fotografia. Isto nos meados do século XIX (1800).

6 de janeiro de 2007

Curiosidades: 1887 - Escravos alforriados

Dona Maria Luiza da Purificação era uma das damas campineiras que maior número de escravos possuia.

Em 11 de maio de 1887 todos eles, cerca de 150, foram alforriados.

5 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: Vista parcial na década de 1910

Vista parcial da área central da cidade, vendo-se ao lado direito do espector o recém inaugurado, Mercado Municipal.

4 de janeiro de 2007

Curiosidades: 1797 - Declaração do Rocio

Importante documento resgatado e descrito como o foi a mais de dois séculos atrás.

Antes da lavração do documento descrito abaixo, ainda tivemos: o “Termo de levantamento do Pelourinho, e demarcação para os Paços do Concelho e Cadea” e “Auto de Erecçam” isto lavrado um dia antes de 15/12/1797.

Declaração do Rocio

Rocio é o termo que se usava para determinar a área urbana de uma cidade.

“Aos quinze dias do mez de Dezembro do anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil settecentos e noventa e sette annos nesta Villa de Sam Carlos Comarca da Cidade de Sam Paulo, donde se achava o Doutor Ouvidor geral e Corregedor Caetano Luiz de Barros Monteiro em caza de sua residencia, e apousentadoria onde eu, Escrivam de seo cargo ao adeante nomeado fui vindo, e sendo ahi pelo dito Ministro, sendo presentes a Camara da Villa de Jundiahy, e a Nobreza e Povo desta mesma Villa foi determinado que o Rocio que devia ter esta Villa para logradouro dos habitantes della. E fundaram suas cazas sem alguma pensam de foro era de hum quarto de legoa, sendo medido do Pelourinho para quatro lados, no fim dos quais poria em cada hum seo marco para sinal do limite do dito rocio, e mandou que a Camara logo que que pricipiasse a servir, mandasse fazer dita mediçam, e demarcaçam na forma referida, e para constar mandou lavrar estes termos de declarassam de rocio, que assinou elle Ministro com os officiais da Camara da Villa de Jundiahy e os moradores desta Villa que presentes se achavan, e eu Vicente Ferreira de Almeida Escrivam da Ouvidoria geral e Correisam o escrevi. Barros – Francisco de Paula Camargo – José Luís dos Quadros – José Gomes – Antonio Ferraz de Campos – Capitam Felippe Neri Teixeira – Capitam Joaquim José Teixeira Nogueira – Capitam Raimundo Alvares dos Santos Prado – Capitam José Barboza da Cunha – João José da Silva – Alferes Francisco Xaxier da Rocha – Alferes José Pedro da Cunha – Tenente José Antonio do Amaral – Alferes Manoel Ferraz de Campos – Alferes José Francisco de Moraes – Alferes José Gonçalves Cezar – Ignácio Caetano Leme – Alferes Pedro José Baptista – Alferes Manoel Pereira Tangerino – Joaquim Antonio de Arruda – João Manoel do Amaral – Raphael de Oliveira Cardoso – Manoel Mendes de Godoi – Raphael Antunes de Campos – Albano de Almeida Lima – José da Rocha Camargo – Antonio José de Mattos – Joaquim Cardozo de Gusman – José Paes de Olveira – Antonio da Sylva Leme – João Monteiro de Oliveira – Leonardo Moreira da Cunha – Francisco Pinto do Rêgo – Manoel Dias de Azevedo.”

3 de janeiro de 2007

Memória Fotográfica: Antiga Maternidade de Campinas

Acima temos uma foto, de 1936, que mostra a antiga Maternidade de Campinas, que existia na confluência da av. Barão de Itapura e av Andrades Neves. Onde muitos campineiros do passado nasceram, inclusive este que alimenta está "página" da Internet.

Tem-se aqui a foto do último dia de atendimento, mostrando o seu corpo médico e para-médico.

2 de janeiro de 2007

Notícias de ...: 1876


Inaugurada Santa Casa

No dia 15 último de agosto deste 1876 realizou-se o ato inaugural do novo edificio da Santa Casa, com a respectiva capela dedicada à N. S. da Boa Morte.

Coroam-se, assim, os esforços do abnegado Padre Vieira, cuja dedicação inexcedível venceu todas as dificuldades, tornando possível, graças à excelente receptividade de sua campanha, a elevação do grande monumento à Caridade, que é o novo hospital.

À distinta dama de nossa sociedade, Dona Maria Felicíssima de Abreu Soares devemos a doação do vasto terreno onde o hospital foi edificado. Outros nomes de beneméritos, que não podemos omitir: Dona Ana de Campos Andrade, Antonio Manuel Proença, Domingos Teixeira Nogueira (o Barão de Atibaia), Antonio Francisco Guimarães (o popular Bahia), Correia de Lemos, entre outros.

No dia seguinte, 16, na sala do Paço Municipal, reunidas a Câmara e a Irmandade da Santa Casa, o Cônego Vieia fez entrega oficial a esta Irmandade do edifício, "com tudo o que nele se contém, e mais patrimônio, para que ela cumpra todos os encargos para as quais foi fundada”.

1 de janeiro de 2007

Notícias de ...: 1907

Ao raiar o ano de 1907, há cem anos da data desta postagem; Campinas iria ter os seguintes dados como se pode ver abaixo.

Profissionais Liberais:

* Capitalistas eram os agentes que forneciam crédito a pequenos e médios lavradores, comerciantes e industriais.
** Os Solicitadores seriam procuradores legalmente habilitados para promover o andamento de negócios pendentes em juízo. Entre esses profissionais destacaram-se figuras importantes na cidade como Orosimbo Maia e Francisco Glicério.

Comércios e Serviços:



Indústrias: