Recebi o material (texto e fotos) abaixo e publico; do nosso leitor e apaixonado pelo história de Campinas. Fica aqui o meu agradecimento ao engo. Wagner Paulo dos Santos.
Nos velhos e saudosos carnavais de outrora, quando o reduto dos sambistas ainda era exclusivamente a Vila Industrial, o bloco carnavalesco "Nem sangue, nem areia", se constituia numa de suas principais atrações.
O bloco originou-se na cidade de Cosmópolis, anteriormente denominada de Funil, tendo em vista a fazenda "celula mater" daquela pequena vila. A Fazenda Funil, de propriedade de José Paulino Nogueira, acabou por se constituir numa das mais importantes fazendas de café do interior do estado, proporcionando o surgimento da Estrada de Ferro Funilense, em função de sua grande produtividade.
Mas o bloco carnavalesco, motivo deste pequeno relato, se formou nesta cidade e foi trazido para Campinas nos idos de 1940, ano em que seu fundador mudou-se para a nossa cidade, cumprindo as exigências da empresa em que trabalhava como motorista de jardineira, que cumpria o ir e vir entre as duas cidades.
O bloco Nem Sangue Nem Areia na Rua Dr Sales Oliveira em 1948
Este bloco apresentava na época, duas grandes atrações para o público que se deleitava nas noitadas de momo.
A primeira atração, de maior importância para o público mirim, eram os "cabeções", que de forma ameaçadora, corriam de repente, sem que ninguem esperasse, na direção da platéia, que se juntava em pé ou sentado em cadeiras, nas guias em granito da Rua Dr. Sales Oliveira.
Os cabeções desfilando em frente a comissão julgadora na Rua Dr Sales Oliveira em 1949
A segunda atração era o teatral "tourada", entre um fantasiado toureiro e um touro, que nada mais era do que um ou dois foliões escondidos sobre uma capa rota e amassada, imitativa da figura daquele animal. Convém se lembrar também, que nesse bloco, como em outros, o desfile de foliões pedalando suas bicicletas enfeitadas, se constituia num deleite para os espectadores.
A teatral tourada em plena Rua Dr Sales Oliveira em 1948
Somente para recordar, no dia do desfile dos blocos e escolas de samba na Vila Industrial, logo no final da tarde, homens, mulheres e crianças, podiam ser vistos em caminhada para o palco do evento, na Rua Dr. Sales Oliveira, trazendo nos braços ou na cabeça as cadeiras de madeira de sua propriedade, as quais eram colocadas em lugares estratégicos para que se pudesse ver o desfile.
Depois de trazerem suas cadeiras, o público retornava às suas casas, deixando no local, a demarcação de que se viria com a família somente na hora do desfile. Interessante ressaltar, que por aqueles gloriosos tempos, as cadeiras permaneciam no lugar escolhido, sem proteção de quem quer que seja. A maldade do roubo ainda não existia de forma acentuada e a maldade do egoísmo e do "se dar bem a qualquer custo" não era praticava.
Então, em assim sendo, depois do banho da petizada, do jantar em família, o provedor pai, sua esposa e prole, se deslocava para o local previamente escolhido, tendo na cabeça a certeza, que suas cadeiras estariam como se fixas fossem ao chão de mosaico português.
Tinha-se na cabeça a certeza da idoneidade e no coração o respeito à existência do semelhante.
Bons tempo ..., que bons tempos eram aqueles!!!
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